S and the city

Bia
3 min readAug 25, 2023

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Acabei de assistir o finale de sex and the city. Sim, eu me arrisquei na constinuação da série mesmo tendo um ranço absurdo da Sarah Jessica Parker. Mas isso não é sobre ela, ou sobre a série em si. É sobre as coisas que marcam a nossa vida e como nesse dia eu começo a entender que eu tenho a aprovação seja de Deus, do Kharma, do Dharma, do meu coração, do que seja… pra deixar certas coisas irem.

A gente começa com 15s de tela da Samantha, 15s que foram imensamente únicos. Enquanto ela dizia suas falas, eu lembrei como eu colocava constantemente os DVDs de Sex and the City pra assistir, ou, acordada nas horas da madrugada, o que era muito comum, para assistir dois ou 3 episódios seguidos em algum canal do cabo.

Meu coração derreteu um pouquinho por que eu também vivi naquele apartamento. Procurando meu Mr. Big, rejeitando e encontrando amores, vivendo e revivendo minhas histórias, sentando no computador pra escrever meus textos, olhando pela janela com as luzes já escuras... me apegando a qualquer coisa que eu podia que me relembrassse quem era eu. E ser eu não é uma tarefa muito simples.

Eu me apego às coisas por medo de perdê-las, até perceber que meu maior medo é me perder de mim. Existe essa bolha que eu criei pra não entrar em contato com nada, nada que fosse assustador, nada que mexesse comigo, para que eu pudesse ter e ficar no controle o tempo todo. Mas eu fui muito ingênua.

Enquanto eu ia assistindo os pedacinhos, eu ia percebendo com clareza que eu preciso soltar. Por que quando você não solta, não tem espaço, não tem espaço pra ressignificar, não tem espaço pra novos planos e, principalmente, não tem espaço pra deixar que a vida simplesmente seja como ela é. E não tem espaço pra se olhar no espelho e contemplar aquilo que você se tornou.

Sinceramente, eu me sinto cansada de achar que eu me tornei todas as coisas erradas. Por que nessa jornada toda, de tanta coisa acontecendo, cada vez que acontecia algo, cada vez que eu perdia algo, eu achava que me perdia de mim, que precisava dessas coisas pra saber quem eu era e como eu iria caminhar na vida. Assim, eu achava que precisava da dor pra continuar no controle de quem eu era e de quem eu gostaria de ser, mesmo que fosse por todos os motivos errados.

Mas eu sei que essas memórias estão a um pensamento de distância, e que eu nunca vou perder nada do que foi, mas também não posso ficar vivendo nas minhas memórias. Por mais assustador que seja, eu sei que eu tenho força pra levantar e construir novas memórias, e eu sei que você tem orgulho de mim por assim fazer.

Eu sei a nossa história de trás pra frente, de frente pra trás, por todos os lados, como uma esfera infinita. Eu nunca vou perder isso. Mas hoje eu sei, que se eu me permitir por tudo isso de lado, pode ser que eu me encontre de novo. Que eu abra os olhos da beleza da vida de novo, porque é impossível pra mim ficar aqui sem achar que esse mundo é uma maravilhosidade sem fim.

Correndo o risco de continuar sendo idealizadora demais, eu acho que esse mundo é melhor coisa que pode acontecer na jornada de alguém que decide voltar pra ele. E nós dois, eu e o mundo, nós vamos nos acertar. Porque tem uma parte de mim que embora desesperada, ou aparentemente sem norte algum, nunca, em nenhum momento, deixou de acreditar nas sincronicidades, na melodia, na beleza e no propósito da vida.

… and just like that, eu consegui escrever de novo.

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