0ne more light

Bia
4 min readDec 19, 2023

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Fazem alguns anos que eu venho pensando que a vida tem ficado estranha. Se eu parar (e eu o fiz) pra ler todas os textos que escrevo de fim de ano, todo ano, desde 2016, eu vejo que a cada ano eu acho que cada um foi mais bizarro que o outro.

Parece que as coisas tem se tornado diferentes, grandes, e as apostas mais altas. Me disseram que a vida de adulto é assim… Eu rejeitei um pouco a ideia, mas eu também não quero ir fazer parte do clã do Peter Pan. Eu quero estar aqui, presente, minimamente feliz e se tiver sorte, um pouco realizada.

Eu to terminando esse ano com um implante hormonal no braço, um doguinho pouco triste por uma falta bruta, pessoas que eu amo passando situações complexas, e se tudo isso fosse dois ou três anos atrás eu estaria num lugar de revolta.

Mas acontece uma coisa qndo você passa a se dedicar a buscar respostas, mesmo que você não tenha a resposta de fato, você se dedica a se conhecer, seus padrões, seus comportamentos, quem você é, o que você quer da vida de fato e como você gostaria de estar mais forte para qualquer obstáculo que vier no caminho.

Quinta passada, eu estava conversando com um guia, nunca na minha cabeça eu pensei que estaria frente a um exu incorporado e conversando tão livremente, e eu falei pra ele: “a gente é muito burro”, ele riu e concordou. A gente é burro por que existem duas formas de olhar a vida: (depois pare e pense sobre o quanto vivemos em um mundo dualista), pelo que temos e pelo que falta.

Fomos ensinados a olhar para o que falta. E eu já tive minha cota de faltas ao longo desses 33 aninhos e sei que para frente eu vou ter outras. Meu maior medo era me acomodar nesse lugar, era aceitar, como se aceitando, eu estaria desistindo da luta.

E aí, que eu perdebi que aceitar é só o primeiro passo para continuar lutando, continuar sendo forte, continuar caminhando dentro dos sonhos que eu tracei. Aceitar pode te dar o senso de que, se foi como foi, a partir daqui eu posso fazer alguma coisa. Eu aprendi, eu me fortaleci, minha casca ficou mais dura.

Ainda precisamos da dor para alcançar o amor.
Ainda precisamos do medo para levantar.
Ainda precisamos da tristeza para tentar ser feliz.
Ainda precisamos que nosso coração se parta para que possamos colocar ele no lugar de novo.

Mas mais do que isso, o que mais precisamos nessa vida, é de nós mesmos. Eu sou a minha maior luz, eu guio o meu caminho, eu faço as minhas descobertas, com resultados individuais ou não, eu sou meu maior presente e de maior importância.

Do resto, eu não tenho certeza de nada. Essa maratona louca espiritual me ensinou diversas coisas, mas me ensinou a mais importante: às vezes, a gente não precisa do por quê. Só do como, simplesmente plantar e aguardar a colheita.

Como me tornarei mais feliz? Como vou resolver essas questões… E sair um pouco do mental e simplesmente fazer. Não se engane, a vida ainda sim vai te passar muitas rasteiras. Encare elas como pedras no caminho que podem ser facilmente retiradas, em algum momento, foi você que as colocou ali.

Meu desejo para 2023, é que eu pare de me auto-sabotar e me encontre. E, assim, sei que aos pouquinhos vou ter feito algo e vou ter caminhado, até chegar não em lugar de completa plenitude, mas um lugar de mais estabilidade e força. Quando você não sabe onde está indo, o vento pode te levar para qualquer lugar.

Tenha um norte. Se necessário, peça ajuda.
Mas aprenda a se amar… e o amor vai fluir na sua vida, não como um peso, uma obrigação, mas um amor que transborda e que toca todos ao seu redor, sem que você faça o mínimo esforço.

Então, 2023, eu só tenho a agradecer.
Como Diria a Xtina Aguilera: “Obrigada por ter me feito uma guerreira.”
E um Feliz Natal e Feliz Ano Novo para todos vocês.

P.S.: Para esse 2023, busque a chama roxa/violeta. A luz da transmutação, para que suas dores se transformem em força e muita vontade de estar na vida. É o coração colorido, a roda de cores, a Faternidade Branca.

P.S. 2: Minhas quartas não vão ser as mesmas. Nunca mais.
E para que você saiba, guardo tudo com muito carinho, obrigada por ter puxado uma cadeira para mim por um tempo. Aqueles almoços de domingo vão ficar no meu coração. Fique tranquila, fique em paz. Obrigada.

Who cares if one more light goes out,
in a sky of a million stars
it flickers, flickers
who cares if someone’s time runs out,
if a moment is all we are?
or quicker, quicker
Who cares is one more light goes out?
Well, I do.

Linkin Park — One More Light.

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